InflamaçãoA inflamação é a resposta inicial dos tecidos do organismo perante uma lesão local. De entre os diversos tipos de lesão, destacam-se os traumatismos penetrantes contusos, os organismos infecciosos e as substâncias químicas irritantes.
Segundo a causa, a resposta inflamatoria consta de 4 processos sequenciais:
1 - Alterações do fluxo sanguineo e da permeabilidade vascular
2 - Migração das células brancas circundantes para o espaço intersticial do tecido lesionado
3 - Fagocitose e digestão enzimatica das células elementos tecidulares mortos
4 - Reparação da lesão mediante regeneração das células parenquimatosas normais ou proliferação do tecido de granulação e eventual formação de cicatriz
A primeira resposta orgânica à lesão local é a dilatação das arteriolas, capilares e vénulas, o que leva a um importante aumento do fluxo sanguineo no local da lesão e seu redor -
hiperemia, causando calor e vermelhidão. As vénulas e capilares tornam-se anormalmente permeáveis permitindo a passagem do plasma rico em proteínas através das paredes dos vasos para o espaço intersticial. Este
exsudado produz o edema associado à inflamação, pressionando as terminações nervosas sensitivas, o que provoca dor.
Na resposta inflamatoria, os leucocitos (células brancas do sangue, sobretudo neutrofilos e macrofagos) do sangue circulante migram para o local da lesão, digerindo de modo enzimatico os organismos infectantes -
fagocitose.
Após a retirada dos tecidos necroticos e qualquer agente lesivo (como uma bacteria), possibilita a reparação da lesão que desencadeia a resposta inflamatória. Em muitos tecidos, como o do pulmão com pneumonia pneumococica, a regeneração das celulas parenquimatosas permite a completa recuperação da anatomia e função normais. Outros tecidos, como o do coração após um enfarte de miocárdio, não curam por regeneração. A área deste tecido destruido é substituida por um
tecido de granulação e finalmente por uma
cicatriz fibrosa. No abdómen, essas
aderências fibrosas podem estreitar as ansas intestinais e provocar obstrução. A acumulação de quantidades excessivas de colagénio (mais frequente na raça negra) pode produzir uma cicatriz protuberante, semelhante a um tumor -
queloide. A cirurgia para ressecar um queloide é geralmente ineficaz, uma vez que a incisão tende a cicatrizar do mesmo modo.
Muitas lesões curam-se mediante uma combinação de regeneração e formação de tecido cicatricial. Um exemplo é a resposta do fígado à lesão alcoolica repetida e persistente que provoca uma cirrose, em que os lóbulos irregulares de células hepáticas regeneradas estão circundados por bandas de tecido cicatricial.
5 sinais de inflamação aguda: rubor (vermelhidão), calor, tumor (edema), dor e perda de função. Também conduz a manifestações sistémicas, como febre e aumento de células brancas circulantes.
Alguns organismos bacterianos (como os estafilococos e estreptococos) produzem
toxinas que danificam os tecidos e desencadeiam a resposta inflamatória. As bactérias
piogénicas produzem um fluido espesso e amarelo (pus) que contém células brancas mortas , exsudado inflamatório e bacterias -
inflamação supurativa. Quando ocorre sob a pele ou um órgão maciço dá lugar a um
abcesso (colecção líquida e localizada de pús). Qualquer piogénico pode invadir os vasos sanguíneos e dar lugar a uma
bacteriemia, o que implica a possibilidade de afectar outros órgãos ou tecidos corporais.
Uma
inflamação granulomatosa é um padrão distinto que aparece em relativamente poucas doenças, incluindo a tuberculose, sifilis e sarcoidose. Um
granuloma é uma zona localizada de inflamação crónica com necrose central. Caracteriza-se pela acumulação de macrófagos, alguns dos quais se unem entre si para formar células mononucleadas gigantes.
EdemaUm edema é a acumulação de quantidades anormais de liquido nos espaços intercelulares ou cavidades corporais. Pode ser localizado, como acontece na reacção inflamatória, ou generalizado, com edema pronunciado dos tecidos subcutâneos do organismo (
anasarca). O edema localizado pode produzir-se por inflamação, com escape de fluído intravascular ou por obstrução local da drenagem linfática, como sucede na
filariase, onde um organismo parasitário provoca uma obstrução linfática e edema -
elefantíase. O edema generalizado é mais frequente em doentes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e certas formas de patologia renal. É mais significativo nas partes baixas do corpo, devido à acção da gravidade, de forma que os doentes ambulatórios tendam a acumular líquido nos tecidos das pernas enquanto nos doentes acamados o líquido do edema é mais proeminente nas costas, zonas sagradas e pulmão.
O líquido extravascular também se pode acumular nas cavidades serosas, produzindo derrames pleurais e pericárdicos e ascite peritoneal.
O edema pode ter escassos sintomas clínicos ou ser potencialmente fatal. Se localizado nos tecidos subcutâneos, grande quantidade de edema pode provocar uma deterioração funcional mínima. Em contraste, o edema pulmonar, pericárdico ou no cérebro podem ter graves consequências.
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