Tuesday, March 14, 2006

Radiologia Patologica - Inflamação


Inflamação
A inflamação é a resposta inicial dos tecidos do organismo perante uma lesão local. De entre os diversos tipos de lesão, destacam-se os traumatismos penetrantes contusos, os organismos infecciosos e as substâncias químicas irritantes.

Segundo a causa, a resposta inflamatoria consta de 4 processos sequenciais:

1 - Alterações do fluxo sanguineo e da permeabilidade vascular
2 - Migração das células brancas circundantes para o espaço intersticial do tecido lesionado
3 - Fagocitose e digestão enzimatica das células elementos tecidulares mortos
4 - Reparação da lesão mediante regeneração das células parenquimatosas normais ou proliferação do tecido de granulação e eventual formação de cicatriz

A primeira resposta orgânica à lesão local é a dilatação das arteriolas, capilares e vénulas, o que leva a um importante aumento do fluxo sanguineo no local da lesão e seu redor - hiperemia, causando calor e vermelhidão. As vénulas e capilares tornam-se anormalmente permeáveis permitindo a passagem do plasma rico em proteínas através das paredes dos vasos para o espaço intersticial. Este exsudado produz o edema associado à inflamação, pressionando as terminações nervosas sensitivas, o que provoca dor.

Na resposta inflamatoria, os leucocitos (células brancas do sangue, sobretudo neutrofilos e macrofagos) do sangue circulante migram para o local da lesão, digerindo de modo enzimatico os organismos infectantes - fagocitose.

Após a retirada dos tecidos necroticos e qualquer agente lesivo (como uma bacteria), possibilita a reparação da lesão que desencadeia a resposta inflamatória. Em muitos tecidos, como o do pulmão com pneumonia pneumococica, a regeneração das celulas parenquimatosas permite a completa recuperação da anatomia e função normais. Outros tecidos, como o do coração após um enfarte de miocárdio, não curam por regeneração. A área deste tecido destruido é substituida por um tecido de granulação e finalmente por uma cicatriz fibrosa. No abdómen, essas aderências fibrosas podem estreitar as ansas intestinais e provocar obstrução. A acumulação de quantidades excessivas de colagénio (mais frequente na raça negra) pode produzir uma cicatriz protuberante, semelhante a um tumor - queloide. A cirurgia para ressecar um queloide é geralmente ineficaz, uma vez que a incisão tende a cicatrizar do mesmo modo.

Muitas lesões curam-se mediante uma combinação de regeneração e formação de tecido cicatricial. Um exemplo é a resposta do fígado à lesão alcoolica repetida e persistente que provoca uma cirrose, em que os lóbulos irregulares de células hepáticas regeneradas estão circundados por bandas de tecido cicatricial.

5 sinais de inflamação aguda: rubor (vermelhidão), calor, tumor (edema), dor e perda de função. Também conduz a manifestações sistémicas, como febre e aumento de células brancas circulantes.

Alguns organismos bacterianos (como os estafilococos e estreptococos) produzem toxinas que danificam os tecidos e desencadeiam a resposta inflamatória. As bactérias piogénicas produzem um fluido espesso e amarelo (pus) que contém células brancas mortas , exsudado inflamatório e bacterias - inflamação supurativa. Quando ocorre sob a pele ou um órgão maciço dá lugar a um abcesso (colecção líquida e localizada de pús). Qualquer piogénico pode invadir os vasos sanguíneos e dar lugar a uma bacteriemia, o que implica a possibilidade de afectar outros órgãos ou tecidos corporais.

Uma inflamação granulomatosa é um padrão distinto que aparece em relativamente poucas doenças, incluindo a tuberculose, sifilis e sarcoidose. Um granuloma é uma zona localizada de inflamação crónica com necrose central. Caracteriza-se pela acumulação de macrófagos, alguns dos quais se unem entre si para formar células mononucleadas gigantes.


Edema

Um edema é a acumulação de quantidades anormais de liquido nos espaços intercelulares ou cavidades corporais. Pode ser localizado, como acontece na reacção inflamatória, ou generalizado, com edema pronunciado dos tecidos subcutâneos do organismo (anasarca). O edema localizado pode produzir-se por inflamação, com escape de fluído intravascular ou por obstrução local da drenagem linfática, como sucede na filariase, onde um organismo parasitário provoca uma obstrução linfática e edema - elefantíase. O edema generalizado é mais frequente em doentes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e certas formas de patologia renal. É mais significativo nas partes baixas do corpo, devido à acção da gravidade, de forma que os doentes ambulatórios tendam a acumular líquido nos tecidos das pernas enquanto nos doentes acamados o líquido do edema é mais proeminente nas costas, zonas sagradas e pulmão.

O líquido extravascular também se pode acumular nas cavidades serosas, produzindo derrames pleurais e pericárdicos e ascite peritoneal.

O edema pode ter escassos sintomas clínicos ou ser potencialmente fatal. Se localizado nos tecidos subcutâneos, grande quantidade de edema pode provocar uma deterioração funcional mínima. Em contraste, o edema pulmonar, pericárdico ou no cérebro podem ter graves consequências.

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