Saturday, December 09, 2006

Patologia Mamária

Doenças Benignas da Mama

Classificação
- Existem diferentes classificações (radiológica e anatomo-patológica)
- Define-se como patologia benigna toda a patologia da mama que não sofre alterações significativas ao longo do ciclo menstrual
- Por clareza, estuda-se as diferentes doenças benignas da mama pela topografia mamária atingida:

a) Lesões alcançando a unidade terminal - canalicular e lobular
b) Lesões atingindo os galactoforos (canais da glândula mamária) principais - mais próximo da auréola e mamilo

Descrição

A - Lesões alcançando a unidade terminal (canalicular e lobular)

Fibroadenoma
- É o tumor mais frequente em mulheres com menos de 25 anos
- Idade média de aparecimento 33 anos
- 3ª patologia mamária mais frequente a seguir ao cancro mamário e à doença fibroquistica (doença benigna da mama mais frequente)
- São tumores indolores, elásticos, móveis, de crescimento lento, sem flutuação ao longo do ciclo menstrual
- É hormonodependente em relação à estrogenémia, embora essa relação não esteja claramente definida
- Em 15% dos doentes são múltiplos e bilaterais
- Histologicamente: resultam da proliferação dos galactoforos terminais, acinos ao nível de diferentes lóbulos e do estroma conjuntivo interlobular
- Eventual citofunção no sentido do diagnóstico diferencial quiasto/tumor sólido
- Na rapariga jovem vigilância aguardando o equilibrio hormonal esteroide




Cistosarcoma Filoide

- Se incorrectamente extirpado a recorrência é frequente
- É uma variante do fibroadenoma com prevalência em mulheres mais velhas (idade média 44 anos)
- 10% são malignos com metastização precoce
- Histologicamente: caracterizado por uma elevada densidade celular com numerosas mitoses ao nível do estroma mamário
- Tem potencial maligno
- Trata-se de um tumor com dimensões consideráveis, firme e móvel, maior que qualquer outra lesão mamária benigna
- Quando maligno o seu crescimento é rápido

Doença Fibroquística

- Doença benigna da mama mais frequente, atingindo + ou - 30 a 50% das mulheres na perimenopausa
- Vários elementos estruturais (muitas vezes todos eles coexistem)

1) Alterações Quísticas (microquistos/macroquistos)

-São alterações sobre o território lobular
- Os microquistos têm menos de 1mm de diâmetro, não são palpáveis, estão rodeados de um epitélio com uma só camada celular
- São assintomáticos e constituem nas mulheres mais velhas um percurso involutivo fisiológico da mama
- Os macroquistos resultam da fusão de vários canais galactoforos e ácinos, têm mais de 3mm de diâmetro, observam-se em 20-40% das mulheres com microquistos (a bilateralidade é quase uma regra)
- À aspiração obtem-se um líquido seroso, outras vezes hemático
- A aspiração deve ser completa: o nódulo não se deve refazer após aspiração nem reaparecer na avaliação posterior a um mês - são as condições que asseguram um esvaziamento eficaz diagnóstico e terapêutico
- os sintomas mais frequentes são: sensibilidade dolorosa, mastodínia (dor mamária) e nódulos palpáveis
- A mastodinia surge sensivelmente 7 a 14 dias antes do período menstrual e dissipa-se quando este surge (pode ser o único sintoma, traduzindo a hiperestrogenimia em fase luteinica)
- As mulheres queixam-se frequentemente de irregularidades menstruais, dismenorreia e metrorragias

Dismenorreia --> irregularidade da função menstrual especialmente menstruação difícil ou diolorosa
Metrorragias --> hemorragia pelo útero independentemente do ciclo menstrual

- A mastodinia explica-se histologicamente por um infiltrado do estroma mamário de muco e edema com aumento do volume mamário em 15% das mulheres
- Os nódulos palpáveis podem-se encontrar em toda a mama mas são mais evidentes no quadrante supero-externo num seio "granuloso" que aumenta de dimensões numa fase pré-menstrual

2 - Alterações de Hiperplasia Epitelial Ductal (no quadro da doença fibroquística)

- hiperplasia: multiplicação anormal dos elementos dos tecidos
- Estão particularmente associados a factos oncogénicos de natureza desconhecida com potencial para induzir transformação neoplásica
- São alterações particularmente importantes
- A hiperplasia epitelial ductal sem alterações celulares atípicas tem 1 risco de 1.9 de cancro em relação às mulheres sem estas características de hiperplasia epitelial mas com doença fibroquística
- No padrão de hiperplasia epitelial ductal com alterações atipicas o risco carcinogénico eleva-se para 5.3 e, na presença concomitante de história familiar de canco mamário o risco eleva-se para 11 vezes




Existem dois tipos de hiperplasia epitelial:

- Epiteliose ou Papilomatose: proliferação benigna dos pequenos galactoforos e lóbulos
- Adenose: hiperplasia glandular não neoplásica resultado da multiplicação de á cinos e galactoforos intralobulares com arquitectura lobular preservada
- Adenoma esclerosante: desenvolve-se em idades mais tardias e corresponde à existência de nódulos pelo desenvolvimento de fibrose simultaneamente

- Adenose simples: geralmente é assintomática, ocorre fisiologicamente durante a gravidez

3 - Alteração de fibrose

- Como entidade única ocorre pouco frequentemente mas com maior frequência durante a idade fértil
- São empastamentos com 1-3 cm por vezes 3-5 cm, palpáveis, não móveis, firmes e irregulares. são a resposta lobular à provavel inflamação ductal ou involução fisiológica (trata-se de tecido conjuntivo itnerlobular)

Outras Lesões Benignas da Mama

Adenoma do Mamilo

- Erosão do mamilo com corrimento mamilar hemático
- Faz diagnostico diferencial com a Doença de Paget
- Recomenda-se a exerese cirúrgica

Esteatinecrose Traumática da mama (raridade)

- Simula o cancro, com maior frequência na mulher com perimenopausa com mamas volumosas. Asssociado a traumatismo em 50% dos casos. Tumor firme, fixo, superficial com retração da pele
- Equimose em 20-30% dos casos
-Requer exerese cirurgica

Doença de Mondor (doença benigna mais rara)

- Tromboflebite das veias superficiais da mama por obstrução da veia toraco-epigástrica
- Associada a possível trauma
- Dor aguda que subsiste por 3-4 semanas

Mastite aguda

- Pode estar associada à lactação ou ocorrer na sua ausência
- Geralmente associada à lactação
- Mama com região dolorosa, eritematosa, edemaciada
- Porta de entrada: erosão do mamilo, entrada de estafiloe aureus com desenvolvimento de abcesso ou de estreptococos com desenvolvimento de celulite mamaria. Sem tratamento desenvolve-se a infecção com formação de múltiplos abcessos e fibrose mamária
- Tratamento: antibioterapia adequada (penicilina beta-lactose resistente) durante 10 dias cm evential incisão e drenagem dos abcessos
- Na ausência de lactação a mastite associa-se geralmente a ectasia dos galactoporos com infecção recorrente subareolar ou associa-se a carcinoma

Tecido mamário supranumerário

- Tecido mamário, aréola, mamilo ou combinação
- Ao longo da crista mamária embrionária que se estende da axila à região inguinal
- É relativamente frequente, afectando mais ou menos 1-2% da população, sobretudo asiáticos
- Neste tecido mamário ocorrem as mesmas alterações do tecido (fisiológicas e patológicas)

Patologia Maligna da Mama

Carcinoma da Mama (mulher)

- É um adenocarcinoma cuja característica histológica mais interessante é a quantidade variável de tecido fibroso que envolve as células neoplásicas

Sinais cardinais de adenocarcinoma:

- Tumoração irregular de consistência pétrea
- Aderência ou fixação da mama
- Gânglios axilares palpáveis

História
1- idade: pode ocorrer em qualquer idade após a menarca sendo pouco frequente antes dos 30 anos; incidência aumentada após os 35 anos e atinge o máximo aos 65 anos
2 - Sintomas: podem estar relacionados com a lesão primária ou com os efeitos das metástases. Geralmente a paciente apercebe-se de uma tumoração indolor ao se levantar ou olhar ao espelho. A forma e o tamanho da mama podem estar distorcidos pelo crescimento da tumoração e/ou sua fixação directa ou indirecta à pele. O mamilo pode-se encontrar desviado, distrocido, retraído ou destruído. A lombalgia com dores radiculares que irradiam para a região posterior das pernas é um sintoma comum e deve-se à infiltração e colapso das vértebras lombares. Pode existir ainda mal estar e emagrecimento; dispneia; dor pleurítica e derrames pleurais por metástases pulmonares ou pleurais extensas; nódulos cutâneos multiplos e duros; alterações mentais e convulsões por metástases cerebrais; dor por fracturas patológicas.
3 - História familiar: maior risco na mulher com menarca precoce e menopausa tardia; mais frequente nas nuliparas (nunca tiveram filhos) que em multiparas; obesidade associada a riscos aumentados pela síntese dos estrogénios nos depósitos adiposos; maior risco com história familiar (mãe, irmã, tia materna)

Exame Local

1 - sede: grande parte dos adenocarcinomas situam-se no quadrante superior-externo (50%)
2: número: um (uma massa)
3- dor: em geral não são dolorosas à palpação embora esta possa provocar um leve desconforto
4 - Superfície: irregular
5 - Consitstência: pétrea
6 - Relação com as estruturas vizinhas: o carcinoma da mama pode estar aderente ou fixado à pele subjacente ou às estruturas profundas; a fixação de uma tumoração à pele é quase sempre diagnóstica de carcinoma. Quando o tumor se propaga ao longo dos septos fibrosos da mama, o bloqueio dos linfáticos que passam no seu interior provoca edema, o que aprofunda os orifícios das glândulas sudoríparas e dos folículos pilosos dando à pele o aspecto em casca de laranja
7 - Drenagem linfática: os gânglios axilares esupraclaviculares apresentam-se frequentemente aumentados. Também os torácicos internos ou mamários internos (inacessíveis à palpação) se encontram provavelmente aumentados. Os gânglios que contêm metástases apresentam-se medianamente endurecidos e isolados. Ocompromisso externo dos gânglios axilares pode ser: linfedema do braço, trombose venosa, edema venoso.
8- Nervos: se os nervos da axila são infiltrados pelo tumor podem existir alterações motoras ou sensitivas; os nervos mediano e cubital são mais frequentemente comprometidos que o radial
9- Outra mama: pode conter uma tumoração que pode ser um depósito secundário ou outra lesão priméria. Neste caso os gânglios axilares e supraclaviculares também podem estar aumentados




Importante: as células tumorais podem atingir as vértebras ou os ossos do crânio sem entrarem na circulação sistémica através do plexo venoso vertebral de Bason - é constituído por veias avalvuladas ao longo da coluna vertebral em conexão com outros sistemas venosos desde a pelvia ao cérebro.

Carcinoma Infiltrativo da Mama

- Forma rara de cancro da mama
- Entidade clínica patológica individualizada e de mau prognóstico
-Mama: maior volume, dolorosa, tensa, quente e eritematosa. Edema cutâneo ou casca de laranja
- Tumor: mal delimitado à palpação, pouco ou nada diferenciado, grande potencial metastático, negativo para receptores de estrogénio e progesterona
- Diagnóstico: Por biopsia cutânea na zona do eritema. positivo para células neoplásicas nos linfáticos.
- Tratamento: Inicial com poliquimioterapia, locoregional com radioterapia e possivel tratamento cirurgico.


Recordar sempre a importância e metodologia do auto-exame da mama:










Saturday, October 14, 2006

Reacções aos contrastes iodados endovenosos e actuação

ANSIEDADE

Leve: Hidroxizina 25 mg p.o. ou Lorazepan 1 a 2,5 mg SL
Moderada: Lorazepan 1 a 2,5 mg SL
Nota: Importante tranquilizar o doente

URTICÁRIA

Moderada: Aplicar bloqueadores dos receptores H1 - Hidroxizina 100 mg i.m.
Grave: Administrar Adrenalina (1:1000 i.m., 0,1 ml); aplicar bloqueadores dos receptores H1 e H2 - clemastina 2 ml i.v. + cimetidina 5 mg/Kg
Nota: aplicar a clemastina e a cimetidina separadamente

ANGOR

Moderada: Oxigénio (10 L/min)
Fluídos e.v. Soro fisiológico lento
Nitroglicerina 0,5 mg sublingual (pode repetir-se 5-15 min após)

HIPOTENSÃO

Taquicárdia ou FC Normal
-Oxigénio (10 L/min)
-Fluídos i.v. Soro Fisiológico (injectado rapidamente) + lactacto de Ringer
-Se não responder: vasopressores - dopamina (i.v., 2-5 ug/Kg/min) e adrenalina (0,3 cc diluido a 1:10,000 e.v.)
- Diluir a dipamina 200 mg em 50 cc SF e injectar por seringa infusora
Nota: elevar as pernas do doente

Reacção Anafilóide

Grave - Choque

- Hipotensão, dispneia aguda, reacção cutânea (urticária ou angioedema)

- Oxigénio (19L/min) - máscara de O2 alto débito ou sonda nasal
- Fluido i.v.: Soro Fisiológico
- Adrenalina (levorrenina): intramuscular (diluida 1:1000, 0,5 ml) injectar 1/2 ampola i.m. ou intravenoso (1:10000 - diluir 1 ampola em 10 cc SF e injectar 1 ml lentamente - 2 a 5 min)
- Anti-histaminicos: bloqueadores H1 (clemastina 2ml e.v.), bloqueadores H2 (cimetidina 300 mg diluido em 10 cc SF e.v.) injectado lentamente
- Se houver broncoespasmo usar máscara de O2 com nebulizador com salbutamol 0,5 mg (1 fórmula e, 2 ml SF)
- Corticoesteróides: hidrocortisona 100-200 mg e.v. ou metilprednisolona 250 mg a 500 mg e.v.

EDEMA LARINGEO

Grave (dispneia + estridor): Oxigénio (10L/min) em máscara O2 de alto débito ou sonda nasal
- Adrenalina 1:10000 e.v. (diluir 1 ampola em 100 cc SF e injectar 1 ml lentamente - 2 a 5 min)
- Hidrocortisona 100 mg e.v.
- repetir apór 10 min se necessário

BRONCOSPASMO

Grave (dispneia + sibilos): Oxigénio (10L/min)
- Usar máscara de O2 com nebulizador e aplicar um Beta 2 Agonista - Salbutamol (5mg- 1 fórmula em 2 ml SF por nebulizador)
- Adrenalina (levorrenina) IM (0,5 ml diluida 1:100 - 1/2 ampola) ou EV (1:10000 - diluir 1 ampola em 10 cc SF e injectar 1ml lentamente)
- Hidrocortisona (100 a 200 mg e.v.)
- Aminofilina (240 mg/10 ml) - 1 ampola e.v. injectado com setinga infusora

REACÇÃO VASOVAGAL

Hipotensão e Bradicárdia

- Fluidos i.v. - soro fisiológico injectado rapidamente com lactato de Ringer
- Oxigénio (10L/min)
- Atropina 1mg e.v. (pode ser repetido em intercalos 3-5 min até máx 3 mg)
- Efedrina (50 mg em 5 cc SF)
- Elevar as pernas do doente

CONVULSÕES

- Grave: Proteger o doente, aspirar a via aérea se necessário e proteger a língua com tudo orofaríngeo. Administrar oxigénio (10L/min) e Diazepam (10mg e.v.)

EDEMA AGUDO DO PULMÃO

Grave (dispneia + ortopneia + tosse + fervores + cianose): Sentar o doente com as pernas pendentes
- Oxigénio (19L/min)
- Furosemida 40 mg (2 fórmulas) a 100mg e.v.
- Dopamina (e.v. 2-5 ug/Kg(min) + aminofilina 240-480 mg e.v. injectados por seringa infusora

PARAGEM CARDIO-RESPIRATÓRIA

Grave:
Manter suporte básico de vida

A - Abertura das vias aéreas
B - Ventilação
C - Compressões torácicas

Fibrilhação ventricular: desfibrilhar 200 J, 200 J, 360 J
- Adrenalina 1mg e.v.
- Desfibrilhar 360 J
- Monitorizar o doente

Assistolia: 15 compressões torácicas c/ 2 ventilações ou 5 compressções c/1 ventilação
- Entubar o doente
- Administrar Adrenalina pelo tubo endotraqueal (1 mg e.v.) + Atropina (3 mg e.v.)


NOTA IMPORTANTE
- A aplicação dos fármacos e tratamentos aplicados devem ser feitos por um Médico com formação adequada ou na presença e com a indicação deste

Friday, October 13, 2006

Código Deontológico

1. Desempenho Profissional

O Técnico de Radiologia, Radioterapia e Medicina Nuclear, deve:

i) Conceber, planear, organizar, aplicar, e avaliar o processo de trabalho com o
objectivo da promoção da saúde, do diagnóstico e do tratamento, agindo sempre com o
máximo de zelo em benefício do doente.
ii) Explicitar o exame ao doente, disponibilizando-se para clarificar qualquer
procedimento, do melhor modo possível;
iii) Posicionar o doente e o equipamento correctamente, monitorizando-o durante os
exames e/ou tratamentos, confortando-o emocionalmente sempre que necessário e
garantindo toda a sua privacidade;
iv) Utilizar o equipamento, aplicando todo o seu conhecimento científico, assegurando
que o doente, ou qualquer outra pessoa, estejam protegidos contra a radiação e acção
dos campos magnéticos.

2. Relação com o Doente
i) O Técnico deve respeitar o doente, no quadro jurídico e deontológico,
estabelecendo a salvaguarda dos valores fundamentais que colocam o Ser Humano
acima de qualquer outra consideração.
ii) O Técnico deve criar as condições de prestação de cuidados de saúde adaptadas
às características físicas, psicológicas e sociais do doente, expurgando qualquer tipo
de discriminação.

3. Relação com a Equipa de Saúde
i) O Técnico deve, na equipa transdisciplinar da saúde, responsabilizar-se pelo seu
procedimento, ancorando-se na Ética para conduzir a sua acção.
ii) O Técnico deve conhecer as suas competências e assumir os seus limites, numa
perspectiva de colaboração, no seio da equipa de saúde.

4. Equipamentos
i) O Técnico deve optimizar os diversos equipamentos e acessórios com vista ao
estabelecimento do diagnóstico, da terapêutica e da investigação.
ii) O Técnico deve desempenhar a sua profissão responsabilizando-se pela qualidade
da radiação, demonstrando mestria na minimização da exposição, tanto para o doente
como para todo o pessoal envolvido no acto radiológico.

5. Protocolos
i) O Técnico deve realizar os diversos protocolos dos exames, assim como os planos
de tratamento.
ii) O Técnico deve posicionar o doente, considerando o seu estado físico e
psicológico, em conformidade com o equipamento utilizado.

6. Produtos Farmacêuticos
i) O Técnico deve preparar, de modo apropriado, os produtos farmacêuticos (meios
de contraste, compostos radioactivos, etc.) de modo a proceder à sua utilização, ou
pelo menos, supervisionar todo o processo.
ii) O Técnico deve proceder à administração oral, rectal, intra-muscular, endovenosa
e subcutânea das substâncias farmacêuticas necessárias para a obtenção de uma
imagem médica de boa qualidade.

7. Radioprotecção e Segurança
i) O Técnico deve evitar toda a desnecessária exposição à radiação em todas as
situações profissionais e respeitar a disposição ALARA (mínimo de radiação para a
obtenção de uma imagem diagnóstica – trad. e adapt.).
ii) O Técnico deve aplicar as regras de assepsia e higiene hospitalar em todos os
sectores de desempenho profissional.
iii) O Técnico deve vigiar o bem-estar do doente, inclusive a continuidade dos
cuidados post-exame e/ou tratamentos.
iv) O Técnico deve aplicar as regras aceites e os princípios básicos da radioprotecção
em conformidade com a legislação em vigor.

8. Diagnóstico
i) O Técnico deve escolher os parâmetros de exposição tomando em conta a clínica,
a patologia e a semiologia radiológica, e avaliar as imagens em função dos princípios
de formação de imagem.
ii) O Técnico deve participar na anamnése dos doentes através de toda a informação
útil para a realização do exame.
iii) O Técnico deve alertar sobre os efeitos secundários ligados à Radiologia,
Radioterapia e Medicina Nuclear, sem esquecer que a transmissão dos resultados
radiológicos cabe ao Médico assistente do doente.
iv) O Técnico deve informar o Médico assistente do doente acerca dos achados
radiológicos encontrados na sequência da sua actuação profissional.

9. Planificação
i) O Técnico deve agir de modo autónomo, tomando o doente à sua
responsabilidade, organizando o trabalho e o seguimento dos exames ou tratamentos.
ii) O Técnico deve assegurar a manutenção de programas de qualidade com fins de
melhoria diagnóstica, terapêutica, económica e de protecção.

10. Desenvolvimento Profissional
i) O Técnico deve ter uma sólida formação inicial com estudos de nível superior e
adoptar um modelo de formação contínua que fomente o desenvolvimento pessoal e
profissional, e interdite a veleidade da improvisação.
ii) O Técnico deve colaborar com os organismos institucionais para a promoção
profissional, adoptando uma postura de solidariedade para com os colegas, seguindo
os procedimentos deontológicos socialmente aceites.

Fonte e mais informações: http://www.atarp.pt/

NR: Pela minha experiência pessoal posso afirmar, com tristeza, que o facto de termos de obedecer às superioridades hierarquicas e às próprias limitações de recursos com os quais trabalhamos metade dos nossos deveres estão parcialmente ou totalmente obstruidos de alcançar, no entanto, a responsabilidade pelo seu não cumprimento continua a ser individualizada e não atribuída a quem tem poder para alterar as condições....

Friday, October 06, 2006

História da Radiologia - A descoberta dos Raios-X

Os Raios-X foram descobertos em 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923), Professor na Universidade Wuerzburg, Alemanha. Enquanto trabalhava com um tubo catódico no seu laboratório, observou um brilho fluorescente de cristais numa mesa próxima do tubo. Esse tubo consistia de um envólucro de vidro com eléctrodos positivo e negativo encapsulados. O ar do tubo tinha sido evacuado e quando uma alta voltagem era aplicada, produzia um brilho fluorescente. Roentgen protegeu o tubo com papel pesado e negro e descobriu uma luz verde fluorescente gerada por um material próximo do tubo.

Concluiu que um tipo de radiação estava a ser emitida pelo tubo, sendo capaz de atravessar a protecção de papel pesado e excitando os materiais fosforescentes na sala. Descobriu que esta nova radiação conseguia atravessar a maior parte das substancias e projectar sombras de objectos sólidos. Roentgen também discobriu que a radiação conseguia atravessar tecidos humanos, mas não ossos nem objectos metálicos. Uma das suas primeiras experiencias nos finais desse ano foi uma radiografia da mão da sua esposa, Bertha. É interessante o facto do primeiro uso dos raios-X terem sido indistriais e não médicos devido à produção de uma radiografia de pesos dentro de uma caixa para a demonstração de Roentgen aos seus colegas.

A descoberta de Roentgen foi uma bomba para a Ciência, tendo sido recebida com extraordinário interesse. A experiência era duplicada em todo o lado já que o tubo catódico era já bastante conhecido neste período. Muitos cientistas deixaram de lado outras experiências para procurar novos tipos de radiação misteriosa. Jornais e revistas publicavam numerosas histórias (nem todas verídicas) sobre as propriedades dos novos raios-X.

O público adorou as demonstrações da capacidade de atravessar matéria sólida, e, com a utilização de uma placa fotográfica, a capacidade de obter imagens de ossos e partes interiores do corpo. A ciencia ficou também fascinada com a demonstração de um comprimento de onda desta radiação mais pequeno que o da luz, uma vez que gerou novas possibilidades na física e para a investigação da estrutura da matéria. Muito entusiasmo foi criado pelas potenciais aplicações dos raios-X e como grande auxílio na medicina e cirurgia. Dentro de um mês após a publicação da descoberta, vários consultórios médicos radiológicos foram criados pela Europa e Estados Unidos, sendo usados pelos cirurgioes para os guiarem no seu trabalho. Em Junho de 1896, apenas 6 meses após a publicação da descoberta de Roentgen, os raios-X passaram a ser usados pelos médicos para pesquisa de balas nos soldados feridos, sendo um grande avanço para a sua terapia.

Antes de 1912, os raios-X eram usados essencialmente no ramo da medicina e medicina dentária, para além de imagens de metais. Não eram ainda utilizados industrialmente devido à fragilidade dos tubos das ampolas que se partiam sob as voltagens necessárias para produzir radiação com penetração suficiente para a aplicação indistrial. Contudo, isso mudou em 1913 quando os tubos de alto vácuo produzidos por Coolidge se tornaram disponíveis. Estes tubos permitiam fontes fiáveis e intensas de raios-X operando a energias até 100.000 volt (100 kV).


Em 1922, a indústria radiográfica avançou mais um passo com a produção de tubos com capacidade para 200.000 volt (200 kV), que permitia radiografias de partes metálicas e em muito menos tempo.

Uma segunda fonte de Radiação




Pouco depois da descoberta dos Raios-X, outra forma de raios penetrantes foi descoberta. Em 1896, o cientista francês Henri Becquerel descobriu a radioactividade natural. Muitos cientistas do periodo estavam a trabalhar com raios catódicos, e outros à procura de provas para a teoria de que o átomo podia ser sub-dividido. As pesquisas mostravam que certos tipos de átomos se desintegravam. Foi Henri Becquerel que descobriu este fenómeno enquanto investigava as proprkidedades dos minerais fluorescentes, pesquisando os príncipios da fluorescência e porque certos minerais brilhavam quando expostos à luz solar. Ele utilizou placas fotográficas para gravar esta fluorescência, tendo sido um dos minerais um composto de urânio. Concluiu que este composto emitia um tipo de radiação que podia penetrar o papel pesado e expor película fotográfica. Esta descoberta só teve interesse por parte da comunidade cientifica após a descoberta dos Curies, dois anos depois, acerca da radioactividade.


A cientista polaca Marie Curie e o seu esposo, cientista francês Pierre Currie, investigaram a radioactividade de elementos como o urânio, chegando à descoberta de um elemento que denominaram de "radium", sendo este mais radioactivo que o urânio. Este elemento iniciou a indústria da radiação "gama", tendo uma capacidade de atravessar matéria muito superior à radiação-X. Em 1946, produziam-se fontes de radiação gama como o Cobalto e o Iridio, fontes essas muito mais fortes e menos dispendiosas que o radium (rádio).

Friday, September 01, 2006

Caso do Dia - LUPUS

LUPUS

O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença crônica de causa desconhecida, onde acontecem alterações fundamentais no sistema imunológico da pessoa, atingindo predominantemente mulheres. O sistema imunológico é uma rede complexa de órgãos, tecidos, células e substâncias encontradas na circulação sanguínea, que agem em conjunto para nos proteger de agentes estranhos. Uma pessoa que tem LES, desenvolve anticorpos que reagem contra as suas células normais, podendo consequentemente afetar a pele, as articulações, rins e outros órgãos. Ou seja, a pessoa se torna "alérgica" a ela mesma, o que caracteriza o LES como uma doença auto-imune.

Mas não é uma doença contagiosa, infecciosa ou maligna. A maioria dos casos de LES ocorre esporadicamente, indicando que fatores genéticos e ambientais tem um papel importante na doença.O Lupus varia enormemente de um paciente para outro, de casos simples que exigem intervenções médicas mínimas, à casos significativos com danos à órgãos vitais como pulmão, coração, rim e cérebro.

A doença é caracterizada por períodos de atividade intercaladas por períodos de remissão que podem durar semanas, meses ou anos. Alguns pacientes nunca desenvolvem complicações severas.

Histórico

Em 1851, o médico francês Pierre Lazenave observou pessoas que apresentavam "feridinhas" na pele, como pequenas mordidas de lobo. E em 1895, o médico canadense Sir William Osler caracterizou melhor o envolvimento das várias partes do corpo e adicionou a palavra "sistêmico" à descrição da doença.Lupus=lobo eritematoso=vermelhidão sistêmico=todo

Definição

O "American College of Rheumatology", uma associação americana que reune profissionais reumatologistas, estabeleceu em 1971 e revisou em 1982, 11 critérios que definem o quadro de Lupus. Estes critérios foram modificados em 1997. Uma pessoa pode ter LES se 4 critérios estiverem presentes:

Critérios de pele:
1 - mancha "asa borboleta" (vermelhidão característica no nariz e face)
2 - lesões na pele (usualmente em áreas expostas ao sol)
3 - sensibilidade ao sol e luz (lesões após a exposição de raios ultravioletas A e B)
4 - úlceras orais (recorrentes na boca e nariz)Critérios sistêmicos:
5 - artrite (inflamação de duas ou mais juntas periféricas, com dor, inchaço ou fluído)
6 - serosite (inflamação do revestimento do pulmão - pleura, e coração - pericárdio)
7 - alterações renais (presença de proteínas e sedimentos na urina)
8 - alterações neurológicas (anormalidades sem explicações - psicose ou depressão)

Critérios laboratoriais:
9 - anormalidades hematológicas (baixa contagem de células brancas - leucopenia, ou plaquetas - trombocitopenia, ou anemia causada por anticorpos contra células vermelhas - anemia hemolítica)
10 - anormalidades imunológicas - (células LE, ou anticorpos anti-DNA, ou anticorpos SM positivos, ou teste falso-positivo para sífilis)11 - fator antinúcleo positivo (FAN)

Causas

Imunidade
O sistema imune é regulado por uma combinação de células brancas do sangue e por algumas substâncias solúveis produzidas por elas. Existem basicamente 3 tipos destas células envolvidas no controle da resposta imune: linfócito B (produtores de anticorpos), linfócito T e o macrófago (reguladores da produção). Os linfócitos T, que estimulam a produção de anticorpos são chamados T auxiliadores, e os que reprimem a produção são chamados de T supressores.Normalmente, o sistema imune tolera seu próprio organismo, não produzindo excessivamente anticorpos contra seu corpo. O que diferencia o paciente de LES é a enorme quantidade de auto-anticorpos dirigida contra seus constituintes próprios. Alguns estudos mostram que nos pacientes de Lupus, ocorre uma diminuição da atuação do linfócito T supressor, ou mesmo uma intensa estimulação de produção de linfócito T auxiliadores.

Genética
Alguns cientistas acreditam em uma predisposição genética à doença, mas ainda não se conhece os genes causadores. Apenas 10% dos pacientes de LES tem parentes próximos que desenvolveram a doença. E as estatísticas mostram que apenas 5% de crianças de pais que tem Lupus desenvolvem a doença.

Hormonas
90% dos pacientes de Lupus são mulheres, entre 15 e 40 anos de idade. Por isso, o Lupus parece ter alguma associação com o estrógeno, um hormônio produzido pelas mulheres em seus anos reprodutivos.Experiências com camundongos revelaram que o estrógeno tem um efeito acelerador da doença. Fêmeas que tiveram seus ovários retirados antes da puberdade, e que receberam altas doses de hormônio masculino, tiveram a doença menos intensa. E aqueles que receberam altas doses de estrógeno, tiveram a doença exacerbada. Os estrógenos provavelmente aumentam a produção de anticorpo anti-DNA, dentre outras consequências.

Stress
O stress é comprovadamente um disparador do LES. Os cientistas pesquisam a possibilidade da adrenalina ou cortisona influenciarem o desenvolvimento da doença.

Luz Ultravioleta
Cerca de 30 a 40% dos pacientes de Lupus apresentam sensibilidade ao componente ultravioleta vindo da luz solar ou artificial, em função de:- alteração no DNA estimulando a produção anormal de anticorpos contra ele;- células da pele (queratinócitos) quando expostas à luz ultravioleta estimulam os linfócitos a produzirem anticorpos;- a luz UV dificulta a retirada dos imunocomplexos da circulação, que podem se depositar em alguns tecidos provocando inflamação.

Vírus
É possível que linfócitos B sejam infectados por vírus e provoquem a produção de anticorpos em pacientes susceptíveis.

Substâncias Químicas
Alguns remédios como procainamida (para distúrbios do coração), hidrazida (para tuberculose), difenilhidantoína (para epilepsia), hidralazina (para pressão alta), podem produzir um conjunto de sintomas semelhante ao LES em pacientes predispostos. Descobriu-se que os pacientes demoram mais para metabolizar essas drogas, bastando a suspensão do uso para a regressão dos sintomas.

Diagnóstico

1 - você teve dor ou inflamação das juntas por mais de 3 meses?
2 - você teve feridinhas em sua boca ou nariz por mais de 2 semanas?
3 - os seus dedos mudam de cor, ficando pálidos ou roxos, quando o tempo está frio ou quando estão em contato com água fria?
4 - alguma lesão de pele, vermelha, surgiu no seu rosto, sobre o nariz e bochechas, por mais de um mês?
5 - durante algum exame de sangue alguém lhe disse que a contagem de células vermelhas, brancas ou plaquetas estava baixa?
6 - sua pele fica muito vermelha e irritada, principalmente no rosto, depois que você toma sol? É pior em comparação com outras pessoas?
7 - você sentiu dificuldade ou dor para respirar durante alguns dias?
8 - você tem perdido muito cabelo ultimamente? Mais do que o normal?
9 - você já teve alguma convulsão?
10 - alguma vez você fez exame de urina onde foi constatada muita proteína?

Se 3 ou mais destas perguntas forem respondidas com um "sim" é recomendável um exame de sangue para testar a possibilidade de LES.

Exames Laboratoriais
Hemograma - é o exame onde são contadas as células vermelhas (hemácias ou eritrócitos) e brancas (leucócitos) do sangue, assim como as plaquetas, responsáveis pela sua coagulação. 40% dos pacientes de Lupus apresentam anemia (queda de células vermelhas), 15 a 20% apresentam leucopenia (queda de células brancas), e ainda 25 a 35% apresentam trombocitopenia (queda de plaquetas).
Teste de Coombs - exame sanguíneo que comprova que a anemia é resultante da produção de anticorpos contra as hemácias - anemia hemolítica.
Urina - os pacientes de Lupus podem apresentar aumento de células vermelhas (hematúria), aumento de estruturas cilíndricas (cilindrúria) e aumento de proteína (proteinúria) na urina.
FAN (fator anti-núcleo) - procura-se um anticorpo dirigido contra uma substância do núcleo da célula. No núcleo localizam-se algumas proteínas e também o DNA.Qualquer anticorpo contra o DNA ou contra as proteínas do núcleo determina um FAN positivo, o que ocorre em 95 a 100% dos casos.
Células LE - os neutrófilos são capazes de "engolir" núcleos de outras células atacadas pelo anticorpo anti-núcleo, formando as células LE positivas. Cerca de 80% dos pacientes de Lupus apresentam este teste positivo.
Anticorpo anti-DNA - existem dois tipos de DNA, nativo (dupla hélice) e mono-hélice, sendo que 60 a 80% dos pacientes com LES produzem anticorpos contra ambos. A presença do anticorpo anti-DNA sugere a possibilidade de nefrite - inflamação dos rins.
Anticorpo anti-SM - anticorpo dirigido contra uma proteína do núcleo no sangue, mas apenas 30% dos pacientes produzem esse anticorpo.
Dosagem de complemento - quando o anticorpo se liga ao antígeno forma-se uma estrutura chamada imunocomplexo. Quando este se deposita, atrai uma substância chamada complemento, responsável pela inflamação. A dosagem de complemento total (CH50) e das frações C3 e C4 são medidas, avaliando-se envolvimento renal e atividade da doença.

Fonte e mais imformações:
http://www.lupusonline.com.br/Curiosidades.asp

Doentes da Semana

Decidi partilhar algumas das minhas experiencias como Técnica de Radiologia. Pra já, escolhi os casos mais "engraçados" da semana para contar:

O Toxicodependente

- Deitado na mesa de T.C. prontinho para uma aquisição de Abdómen com contraste e.v.. Entra a minha colega na sala, calça umas luvas e prepara-se para injectar. Após colocar o garrote, observa o braço do doente procurando o local mais adequado, pelo que este lhe diz, ou melhor grita, "Só tenho uma veia nos braços mas NINGUÉM TOCA NESSA, ESSA É MINHA, eu preciso dela!!!" - solução... não se injecta o doente

O Presidiário

Desde o estágio em S.José que me habituei a ter que lidar com presidiários na nossa profissão. Na altura muitos deles iam realizar ortopantomografias devido a traumatismos por lutas dentro da prisão ou alguns apenas Rx Tórax de rotina ou diagnóstico. Estes doentes vêm geralmente acompanhados de 1 ou 2 guardas prisionais para evitar tentativas de fuga. Esta semana veio cá ao Hospital um presidiário que, para além das algemas nos pulsos trazia as pernas algemadas (mesmo à filme) e, ainda por cima, tive que estar bem próximo dele durante algum tempo para lhe retirar os 2 ou 3 fios que trazia ao pescoço, levando com aquele bafo de dentes mal tratados e aquele olhar psicopata (que nem todos têm, devo referir)...
PS: E tentem lá fazer 1 Rx Torax a alguém algemado....

A Peruca

Uma das doentes mais bonitinhas do dia era a "Mariana". Loira, olhos azuis, bem maquilhada e muito arranjadinha, com os seus 30 e poucos anos. Rx Coluna Cervical e Dorsal. Assim que fiz a radioscopia para confirmar a centragem da Cervical observo objectos radiopacos na zona da nuca. Procurei beincos, ganchos, elásticos, etc... estava limpa... até que lhe perguntei se tinha alguma coisa no cabelo... E ela sacou da peruca para eu procurar... (cabelo, qual cabelo...?)

Wednesday, March 15, 2006

Pneumonia

A pneumonia aguda é uma inflamação do pulmão que pode ser causada por diversos organismos, geralmente bactérias e vírus. Independentemente da sua origem, as pneumonias tendem a produzir um de três padrões radiográficos básicos.

A pneumonia alveolar ou do espaço aéreo, cujo exemplo é a pneumonia pneumocócica, é produzida por um organismo que causa um exsudado inflamatório que substitui o ar dos alvéolos, de modo que a parte afectada do pulmão não contém ar, aparecendo solidificada. A inflamação dissemina-se de um alvéolo ao seguinte através de canais de comunicação e pode afectar um lóbulo pulmonar completo ou mesmo todo o pulmão. A consolidação do parênquima pulmonar com escassa ou nula repercussão sobre as vias aéreas produz o sinal do broncograma aéreo característico. O forte contraste entre o ar da árvore bronquial e o parênquima pulmunar circundante, que não contém ar, permite que a coluna de ar bronquial, normalmente invisível, se possa visualizar na radiografia. O aparecimento de um broncograma aéreo requer a presença de ar dentro da árvore bronquial, implicando que o bronquio não esteja totalmente ocluido na sua origem. Um broncograma aéreo exclui uma lesão pleural ou mediastínica, uma vez que nestas regiões não existem brônquios. Dado que o ar alveolar é substituido por uma quantidade igual ou quase igual de exsudado inflamatório, e como as vias respiratórias que conduzem às regiões afectadas do pulmão permanecem abertas, a pneumonia alveolar não evidencia uma perda de volume.
















A broncopneumonia, exemplificada pela infecção estafilocócica, é primáriamente uma inflamação que se origina nas vias aéreas e se disseminaaos alvéolos vizinhos. Uma vez que a disseminação alveolar nos espaços aéreos periféricos é mínima, a inflamação tende a produzir pequenas zonas de consolidação que se podem visualizar por todo o pulmão, mas que estão separados entre si por abundante tecido pulmonar que contém ar. A inflamação bronquial que produz a obstrução da via respiratória leva ao aparecimento de atelectasias com perda de volume, não se visualizando broncogramas aéreos.



A pneumonia intersticial pode ser o resultado de uma infecção por micoplasma ou vírus. Neste tipo de pneumonia o processo inflamatório afecta predominantemente as paredes alveolares e as estruturas intersticiais, produzindo um padrão reticular ou linear. Quando se estuda o final da sua evolução, o intersticio engrossado pode aparecer sob a forma de múltiplos nódulos pequenos e densos.

A inflamação extensa do pulmão pode originar um padrão misto de pneumonia alveolar, bronquial e intersticial.


















Pneumonia por Aspiração

A aspiração de conteúdo gástrico ou esofágico para o pulmão pode dar lugar a uma pnumonia. A aspiração de material esofágico pode ocorrer em pacientes com obstrução esofágica (tumor, estenose, acalasia), diverticulos (de Zenker) ou alterações neuromusculares da deglutição. A aspiração de conteúdo gástrico porde estar relacionada com anestesia geral, traqueostomia, coma ou traumatismo. Ambos os tipos de aspiração provocam múltiplas condensações alveolares que podem distribuir-se de modo difuso e amplo através de ambos os pulmões. Devido à distribuição anatómica dos campos pulmonares estar afectada pela gravidadem os segmentos posteriores dos lóbulos superior e inferior são os que se afectam com mais frequência, sobretudo em pacientes debilitados ou acamados. O diagnóstico precoce da pneumonia por aspiração e a rápira instauração de tratamento com corticóides e antibióticos são essenciais para melhorar o prognóstico deste processo, que de outro modo seria grave.

Tuesday, March 14, 2006

Radiologia Patologica - Inflamação


Inflamação
A inflamação é a resposta inicial dos tecidos do organismo perante uma lesão local. De entre os diversos tipos de lesão, destacam-se os traumatismos penetrantes contusos, os organismos infecciosos e as substâncias químicas irritantes.

Segundo a causa, a resposta inflamatoria consta de 4 processos sequenciais:

1 - Alterações do fluxo sanguineo e da permeabilidade vascular
2 - Migração das células brancas circundantes para o espaço intersticial do tecido lesionado
3 - Fagocitose e digestão enzimatica das células elementos tecidulares mortos
4 - Reparação da lesão mediante regeneração das células parenquimatosas normais ou proliferação do tecido de granulação e eventual formação de cicatriz

A primeira resposta orgânica à lesão local é a dilatação das arteriolas, capilares e vénulas, o que leva a um importante aumento do fluxo sanguineo no local da lesão e seu redor - hiperemia, causando calor e vermelhidão. As vénulas e capilares tornam-se anormalmente permeáveis permitindo a passagem do plasma rico em proteínas através das paredes dos vasos para o espaço intersticial. Este exsudado produz o edema associado à inflamação, pressionando as terminações nervosas sensitivas, o que provoca dor.

Na resposta inflamatoria, os leucocitos (células brancas do sangue, sobretudo neutrofilos e macrofagos) do sangue circulante migram para o local da lesão, digerindo de modo enzimatico os organismos infectantes - fagocitose.

Após a retirada dos tecidos necroticos e qualquer agente lesivo (como uma bacteria), possibilita a reparação da lesão que desencadeia a resposta inflamatória. Em muitos tecidos, como o do pulmão com pneumonia pneumococica, a regeneração das celulas parenquimatosas permite a completa recuperação da anatomia e função normais. Outros tecidos, como o do coração após um enfarte de miocárdio, não curam por regeneração. A área deste tecido destruido é substituida por um tecido de granulação e finalmente por uma cicatriz fibrosa. No abdómen, essas aderências fibrosas podem estreitar as ansas intestinais e provocar obstrução. A acumulação de quantidades excessivas de colagénio (mais frequente na raça negra) pode produzir uma cicatriz protuberante, semelhante a um tumor - queloide. A cirurgia para ressecar um queloide é geralmente ineficaz, uma vez que a incisão tende a cicatrizar do mesmo modo.

Muitas lesões curam-se mediante uma combinação de regeneração e formação de tecido cicatricial. Um exemplo é a resposta do fígado à lesão alcoolica repetida e persistente que provoca uma cirrose, em que os lóbulos irregulares de células hepáticas regeneradas estão circundados por bandas de tecido cicatricial.

5 sinais de inflamação aguda: rubor (vermelhidão), calor, tumor (edema), dor e perda de função. Também conduz a manifestações sistémicas, como febre e aumento de células brancas circulantes.

Alguns organismos bacterianos (como os estafilococos e estreptococos) produzem toxinas que danificam os tecidos e desencadeiam a resposta inflamatória. As bactérias piogénicas produzem um fluido espesso e amarelo (pus) que contém células brancas mortas , exsudado inflamatório e bacterias - inflamação supurativa. Quando ocorre sob a pele ou um órgão maciço dá lugar a um abcesso (colecção líquida e localizada de pús). Qualquer piogénico pode invadir os vasos sanguíneos e dar lugar a uma bacteriemia, o que implica a possibilidade de afectar outros órgãos ou tecidos corporais.

Uma inflamação granulomatosa é um padrão distinto que aparece em relativamente poucas doenças, incluindo a tuberculose, sifilis e sarcoidose. Um granuloma é uma zona localizada de inflamação crónica com necrose central. Caracteriza-se pela acumulação de macrófagos, alguns dos quais se unem entre si para formar células mononucleadas gigantes.


Edema

Um edema é a acumulação de quantidades anormais de liquido nos espaços intercelulares ou cavidades corporais. Pode ser localizado, como acontece na reacção inflamatória, ou generalizado, com edema pronunciado dos tecidos subcutâneos do organismo (anasarca). O edema localizado pode produzir-se por inflamação, com escape de fluído intravascular ou por obstrução local da drenagem linfática, como sucede na filariase, onde um organismo parasitário provoca uma obstrução linfática e edema - elefantíase. O edema generalizado é mais frequente em doentes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e certas formas de patologia renal. É mais significativo nas partes baixas do corpo, devido à acção da gravidade, de forma que os doentes ambulatórios tendam a acumular líquido nos tecidos das pernas enquanto nos doentes acamados o líquido do edema é mais proeminente nas costas, zonas sagradas e pulmão.

O líquido extravascular também se pode acumular nas cavidades serosas, produzindo derrames pleurais e pericárdicos e ascite peritoneal.

O edema pode ter escassos sintomas clínicos ou ser potencialmente fatal. Se localizado nos tecidos subcutâneos, grande quantidade de edema pode provocar uma deterioração funcional mínima. Em contraste, o edema pulmonar, pericárdico ou no cérebro podem ter graves consequências.

O Técnico de Radiologia

O Técnico de Radiologia realiza exames radiológicos convencionais e especiais, no âmbito da radiologia clínica, nomeadamente Radiologia Convencinoal, Tomografia Computorizada, Ressonância Magnética, Mamografia, Angiografia Digital, Osteodensitometria e Ecografia.
Estes profissionais aplicam métodos e técnicas através de equipamentos sofisticados e avaliam as imagens colhidas de acordo com as especificações da clínica, para a complementarização ou implementação do pré-diagnóstico.
Embora o diagnóstico seja a principal área de intervenção, o Técnico de Radiologia intervém hoje ao nível da terapêutica, da prevenção e promoção da saúde e desenvolve actividades de investigação, de gestão e de ensino.
A evolução deste profissional de saúde está subjacente ao desenvolvimento das tecnologias de informação e suas aplicações nos meios de diagnóstico em medicina.

(Fonte: www.estesl.pt)